Agora será que sai?
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Extraído do Jornal Correio da Bahia, 26/05/07
Parque tecnológico de Salvador terá investimento de R$40 milhões
Liberação de R$13,6 milhões permitirá o início das obras do
empreendimento na Avenida Paralela
Cecília Mascarenhas
O Parque Tecnológico de Salvador, o Tecnovia, está mais perto de se
tornar uma realidade. O fato novo é a liberação dos recursos da ordem
de R$13,6 milhões que desde 2005 estavam alocados para o projeto no
Ministério da Ciência e Tecnologia – o custo total para a primeira
etapa do projeto é de R$40 milhões. A verba está prevista para chegar
aos cofres do governo baiano até o próximo mês, o que possibilitará
uma nova e definitiva etapa: o início das obras para a construção do
empreendimento, que visa alavancar a indústria de base tecnológica do
estado ao reunir num só espaço atores e parceiros interessados em
pesquisa e desenvolvimento (P&D), formando uma rede complexa que
possibilite à indústria baiana criar produtos diferenciados, com
soluções inovadoras.
Na prática, funcionará da seguinte forma: centros e institutos de
pesquisa de referência na Bahia estarão de mãos dadas com as empresas,
no sentido de fornecer o conhecimento e a tecnologia necessários para
aplicação no mercado. Entre as vantagens de um empreendimento como
esse, estão a interação direta e frequente entre os interlocutores,
agilizando o processo de produção e o aprimoramento de produtos.
O parque ocupará uma área total de 500 mil metros quadrados na Avenida
Paralela, o equivalente a dez campos de futebol. O mega-projeto será
desenvolvido através de parceria público-privada e abrigará centenas
de instituições, entre órgãos públicos e empresas, do Brasil e do
exterior. Com orçamento inicial de R$40 milhões, o Tecnovia deverá
entrar em funcionamento em dois a três anos, sendo uma base
tecnológica segura para o setor produtivo.
A esperança é de que o Tecnovia atue como um verdadeiro divisor de
águas. "A médio prazo, ele vai mudar a concepção de tecnologia em
nosso estado", acredita o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e
Inovação, Ildes Ferreira.
O momento atual é de articulação junto a empresas e instituições de
conhecimento para atrair o máximo possível de inteligência para o
Tecnovia. E os interessados já começam a se manifestar. É o caso do
Instituto de Ciências Biomédicas do Rio de Janeiro. A entidade, que
trabalha na área de células-tronco, deseja estar próximo do renomado
instituto de pesquisas Fiocruz, uma das presenças já confirmadas no
parque baiano.
"As empresas ganharão muito com a iniciativa, transformando a produção
do conhecimento, originado nas universidades e centros de pesquisa, em
produtos inovadores. Essa é uma das suas principais vantagens",
destacou a diretora geral da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
da Bahia (Fapesb), Dora Leal Rosa.
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Projeto será um dos mais bem estruturados do país
A vitória mais recente foi o desembaraço do terreno na Paralela. Um
espaço de aproximadamente meio milhão de metros quadrados que estava
destinado a um empreendimento imobiliário, um condomínio residencial,
mas que o Centro de Recursos Ambientais (CRA) entendeu ser mais
apropriado direcionar para a construção do parque. Esse episódio,
aliás, ilustra o esforço conjunto dos três poderes, municipal,
estadual e federal, para o sucesso do empreendimento. Enquanto o
governo estadual assumiu a coordenação técnica do processo de
implantação, a prefeitura viabilizou o terreno e o Ministério da
Ciência e Tecnologia vem destinando recursos financeiros.
"Não temos dúvidas quanto à importância estratégica da continuidade
desse projeto para o futuro da Bahia, permitindo ser o primeiro estado
a ter um parque tecnológico com essa amplitude implantada no país.
Para tanto, é importante ter claro que, por sua envergadura e tempo de
implementação, deve ser um projeto de estado, acima de governos",
salienta o ex-secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação,
Rafael Luchesi.
Uma das maiores autoridades em parque tecnológico do país, Luchesi é
atualmente o presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras
de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). O executivo é o grande
responsável pela formatação do projeto, que começou a ser desenvolvido
sob a sua coordenação à época em que estava à frente da
superintendência do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), uma das entidades
integrantes do sistema Fieb. Nomeado secretário de governo, empreendeu
esforços para o andamento do projeto sempre frisando para a classe
empresarial baiana a importância da cultura da inovação no sentido de
promover a competitividade das empresas.
Questionado sobre porque a Bahia demorou tanto a ter um empreendimento
desse, quando o da cidade vizinha, Recife, entrou em funcionamento há
cerca de 10 anos, Luchesi admite que realmente há um atraso, mas que
poderá ser compensado pela magnitude do parque local, segundo ele um
dos projetos mais bem estruturados do Brasil. "O de Recife é um
projeto menor, construído numa área bem menor que a de Salvador.
Poucos projetos desta natureza em concepção e implantação evoluíram no
Brasil de uma forma tão ágil e com excelente nível técnico como o
Tecnovia", destacou. A Anprotec identificou 42 parques tecnológicos
nas fases de projeto, implantação e operação em todas as regiões do
país. Em geral, as iniciativas são fruto de esforço conjunto entre
governos, universidades e centros de pesquisa.
Para se ter uma idéia de como o projeto do parque é avançado, basta
citar que ele foi gerido dentro de uma concepção de sustentabilidade,
utilizando a tecnologia mais atual em preservação ambiental. Atendendo
aos anseios de entidades ligadas à ecologia, e após muitas discussões
sobre a construção desse megaempreemdimento numa ampla área verde da
Paralela, o projeto está em conformidade com a nova legislação
ambiental de Mata Atlântica, o que possibilitou o licenciamento
ambiental.
O secretário atual da pasta, Ildes Ferreira, vem mostrando que o
governo Jaques Wagner não só compreendeu a importância do Parque
Tecnológico para a Bahia, como vem agilizando as últimas providências
burocráticas para que o Tecnovia entre em funcionamento. "Em dois
meses de atividade, conseguimos colocar toda a documentação
atualizada, possibilitando a liberação dos R$13,6 milhões que desde
2005 estavam alocados para o projeto no Ministério da Ciência e
Tecnologia, aguardando a papelada. Agora, já temos ligações prontas
com Embasa, Coelba e Limpurb", comemora. Segundo Ferreira, uma equipe
da secretaria realizou uma espécie de mutirão para agilizar o
andamento das atividades.
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Indústria baiana será beneficiada
A expectativa é de que a indústria baiana ganhe muito com a instalação
do parque tecnológico. Mas o contrário também acontecerá. A "promessa"
é do diretor regional do Senai Bahia, Gustavo Sales. Ele explica que o
Cimatec – Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia – uma das
referências nacionais na área de assessoria técnica à indústria, tem
toda a condição de apoiar as empresas fornecendo apoio tecnológico e
profissionais qualificados nas áreas prioritárias que são:
biotecnologia; energia e tecnologia de informação e comunicação.
Assim, haverá uma contribuição para a elaboração de produtos de alto
valor agregado. O Senai é mantido pelas próprias indústrias.
"Além das áreas em que já somos amplamente conhecidos, podemos
cooperar também na área de saúde, na produção de próteses.
Desenvolvemos uma linha de pesquisa num novo campo que envolve
medicina e engenharia, chamada bioengenharia, através da qual buscamos
materiais compatíveis com o corpo humano", ilustra. Segundo Sales, uma
das grandes vantagens do apoio do Senai é a oferta de soluções
integradas, desenvolvidas a partir de uma abordagem que utiliza o
conhecimento de várias áreas do conhecimento. "Com certeza, o parque
vai ajudar o estado na atração e no desenvolvimento de empresas de
base tecnológica", completa.
O superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Armando Neto, vai
além e ressalta que todo o sistema Fieb andará de mãos dadas com o
Tecnovia. "Logo que houve a troca de governo, mantivemos contato com o
novo secretário da pasta, reforçando nosso apoio. Continuamos
parceiros do projeto. Tanto é que faremos parte de dois grupos de
discussão que estão sendo formados", destaca.
Localizado na Avenida Paralela, o Cimatec estará bem próximo ao
parque, possibilitando uma interação efetiva. "Será uma grande
vantagem para as empresas porque o Cimatec é hoje um centro de
tecnologia de primeiro mundo que dará todo o suporte necessário às
organizações empresarias que montarem espaço no parque. Esta será, sem
dúvidas, uma contrapartida da Fieb", completa Neto.
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TecnoCentro será o edifício inicial do parque
O total de R$40 milhões, necessários à construção da primeira etapa do
Tecnovia, está sendo obtido em três fases: a primeira, praticamente
concluída, resultará na liberação dos R$13,6 milhões até junho. A
segunda envolve recursos da ordem de R$14 milhões e já está disponível
no Ministério da Ciência e Tecnologia, com previsão de chegar aos
cofres do governo baiano até o fim deste ano. E a terceira etapa, que
consiste em conseguir os R$13 milhões restantes, está sendo agilizada.
Trata-se de tentar obtê-lo através de emenda parlamentar, encaminhada
pela bancada baiana de deputados federais em Brasília, seguindo modelo
adotado para obter as outras duas verbas.
Esse orçamento básico vai permitir a construção do cérebro do projeto,
o TecnoCentro, edifício inicial do Parque que abrigará instituições
como a Secti, a Fapesb e representantes ou postos avançados de
parceiros envolvidos com inovação em níveis locais, como PMS, Sebrae,
Fieb/Senai/IEL e em nível nacional, como Finep e INIP, além de
incubadora de empresas e serviços de apoio. Batizado também de
"coração institucional", o TecnoCentro será instalado na área pública
do parque, no espaço de 12 mil metros quadrados, no entorno do qual
deverá haver a instalação das empresas interessadas. Pela sua
importância, ele será ainda o ponto de convergência de todo o sistema
viário, tendo em torno de si equipamentos como o Virtuarium (centro de
popularização da ciência e arena de desenvolvimento de conteúdos
midiáticos) e a praça principal do complexo.
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Instituições interessadas
Senai/ Cimatec
Monte Tabor
Parque Sofia – França
IBM
Instituto de Ciências Biomédicas do Rio de Janeiro
Fiocruz
Petrobras
Tmag Bahia
Ufba
Uneb
IEL/Fieb
Sebrae
Prefeitura de Salvador
Governo do estado
Pura tecnologia
O Senai vai apoiar o Tecnovia fornecendo apoio tecnológico e
profissionais qualificados em diversas áreas, a exemplo de energia,
biotecnologia e comunicação
A Bahia vai ganhar um Parque Tecnológico, situado numa área de mais de
meio milhão de metros quadrados, na Avenida Paralela, em Salvador. O
Tecnovia começa a ser construído nos próximos meses, sendo que a
primeira etapa vai demandar investimentos da ordem de R$40 milhões,
envolvendo o poder público, universidades e a iniciativa privada. A
expectativa é de que mais de R$13,6 milhões sejam liberados até o
final de junho, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.
As áreas prioritárias serão biotecnologia, com competências em ensaios
clínicos e desenvolvimento de medicamentos; energia, com foco em
geociências, engenharia de petróleo e biocombustíveis, e tecnologia de
informação e comunicação, voltada, principalmente, para produção de
softwares e conteúdo midiático. O Tecnovia terá um conceito de
desenvolvimento sustentável, com um ambiente de integração entre
empresas, governos e o meio acadêmico. O parque contemplará a
construção de três vias de acesso e circulação interna: Via Inovação,
Via Tecnologia e Via Ciência.
A indústria baiana será uma das principais beneficiadas, não apenas
com o resultado das pesquisas, mas também com a formação de
mão-de-obra altamente qualificada. Entre as instituições e empresas
que já manifestaram interesse em integrar o Tecnovia estão Petrobras,
Senai/Cimatec, Fiocruz, Sebrae, Iel/Fieb, Ufba, Uneb, entre outras.