terça-feira, dezembro 07, 2010

[Elucubração] A beleza dos números

Há certo tempo que penso em escrever sobre algumas percepções que tenho acerca do mundo digital. São observações que faço no dia-a-dia, muitas vezes compartilhadas por outras pessoas, e que passam despercebidas por conta da realidade tecnológica deste século. 

Pois bem, ontem durante um treino de corrida, o qual retornei depois de longo tempo, estava escutando uma música em meu IPOD. A música era uma das várias canções da década de 70 e 80 que costumo ouvir e isto me fez voltar um pouco no tempo enquanto corria. Me lembrei da primeira vez em que escutei um som digitalizado por um computador. 

Eu tinha um computador MSX no final da década de 80 e havia acabado de carregar um programa de meu gravador cassete. Ao executá-lo, o programa solicitava que fosse inserido uma fita cassete de áudio e após o pressionar de um [ENTER], o software digitalizava incríveis 2 segundos - também, o que se podia esperar de um computador com 64 KBytes de RAM  (risos) ? Lembro que o som digitalizado era horrível, mas perfeitamente compreensível. Depois disto, vieram alguns poucos jogos que possuíam alguma passagem de voz digitalizada e lembro que achava tudo aquilo surpreendente por um simples fato: era uma quebra de paradigma. Até então, som para mim era algo obtido por meios analógicos, tais como o velho disco de vinil e as fitas cassetes. Escutar algo "tocado" por um computador era fato novo que instigava a minha curiosidade de como tudo aquilo era possível.

Naquela mesma época tive o prazer de entender toda aquela parafernália com o professor Aníbal (babau) na Escola Técnica a partir de suas aulas sobre modulação por código de pulso (PCM). Era o início da digitalização das centrais telefônicas e precisávamos entender tudo aquilo. A transformação de sinais analógicos em números passou a ser uma coisa compreensível. Chegamos até a montar um medidor digital de temperatura em laboratório e as peças começaram a se encaixar em minha mente. Confesso que naquela hora as fichas começaram a cair e as possibilidades de utilizar toda aquela tecnologia pipocaram em minha cabeça de forma instigante. Cheguei até a projetar uma central de efeitos luminosos, feitos com várias lâmpadas dispostas em um display feito de forma artesanal e comandados por uma sequência de números armazenados em uma simples memória EEPROM.

Acho que a beleza disto tudo é saber que um simples som pode ser traduzido em números. São estes números que possibilitam a sua manipulação, do ponto de vista matemático, permitindo realizar coisas bastante bacanas. O que é uma compactação de dados senão uma manipulação numérica?

E foi justamente pensando nisto que vislumbrei a grande maravilha que ocorria naquele momento de corrida. Ao passo que corria me dava conta que parte de meus "sonhos" de juventude estavam ali, encapsulados em uma simples caixa de metal/vidro responsável pela manipulação de uma quantidade absurda de números, milhões de números, sendo paulatinamente transformados em outros números, enfileirados e convertidos em níveis distintos de sinais analógicos a serem enviados aos fones de ouvidos, os quais movimentavam uma pequena membrana plástica em mesmo ritmo da onda elétrica que era reproduzida. O resultado disto tudo era um som puro e cristalino. 

Terminei o treino feliz, não somente por me dar conta da incrível era que vivemos, mas por saber que entendia o porquê daquilo tudo. Lá estava eu, parado na praça próxima de minha casa, rindo por compreender a beleza dos números. 






4 Comments:

At 3:02 PM, Anonymous Anônimo said...

Quanta besteira!

 
At 11:30 AM, Anonymous Anônimo said...

Caro anônimo, pode ser uma besteira o que escrevi, visto que é uma elucubração. Aliás, elucubrações nem sempre são bem entendidas, visto ser produto de uma divagação, um pensamento alto. Assim, convido-o a expor suas idéias em um texto que julgue ser uma assertiva à seu acurado senso crítico. Abraço. Grinaldo.

 
At 2:57 AM, Anonymous Victor said...

Esse blog é cultura!
Eu não sabia dessa parte de computadores a 64k de ram tentando digitalizar sons, mas ainda me lembro quando instalei meu primeiro "kit multimidia" em um Pentium 133 e como o pc travava pra gravar voz! Hoje em dia tem placas de som usb! Celulares lendo mp3 e navegando na internet com 6x mais processamento que aquele computador!
Isso tudo a 13 anos atrás, quando eu tinha 9 anos na Década da TV de Madeira!
O que teremos daqui a mais 13 anos?

 
At 12:53 PM, Anonymous Victor Requião said...

Parabéns pela excelente vivência, isto é o que eu chamo de "poesia por trás de breves momentos". Você enxergou além da computação, além da matemática pura!

Abs!

Victor
blog.victorrequiao.com

 

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