Após um longo período de trevas, retorno à luz para brindar com uma notícia tão ansiosamente esperada. Só para lembrar, o término da obra já foi prevista umas ´n´ vezes. Espero que seja a definitiva - aguardo com muito otimismo.
Fonte: A TARDE
A Bahia ganhará até o final de 2009 seu Parque Tecnológico, sediado na Avenida Paralela, em Salvador. O empreendimento tem o objetivo de gerar inovações científicas atreladas ao desenvolvimento de empresas, renovando a economia do Estado. Em entrevista a A TARDE, o secretário de Ciência e Tecnologia, Ildes Ferreira, revelou que os recursos disponíveis para o parque somam R$ 70 milhões, entre investimentos dos governos estadual e federal. "Já temos acordo firmado com as sete universidades públicas da Bahia (Ufba, UFRB, Univasf, Uneb, Uefs, Uesc, Uesb) e com a Unifacs. A universidade é o celeiro do pesquisador, é lá que está o conhecimento", afirmou.
A TARDE - Em que ponto está o desenvolvimento do parque tecnológico?
Ildes Ferreira - Nós começamos as obras de infra-estrutura no dia 4 de agosto. Essas obras têm um prazo de nove meses para serem concluídas, que é a parte de pavimentação de ruas, água, esgoto, energia elétrica, essas coisas. Nós já estamos preparando a parte legal para a licitação das edificações do tecnocentro, que deverá ser divulgada em outubro.
AT - O parque como um todo já tem previsão de conclusão?
IF - Nós queremos inaugurar a primeira etapa no segundo semestre do próximo ano e então colocá-lo em funcionamento. Esse é o cronograma, se não houver imprevistos no final do próximo ano estaremos inaugurando a primeira etapa e começando a operar.
AT - Qual o objetivo do parque?
IF - O parque é um empreendimento de Estado, primeiro isso precisa ficar claro. É um projeto de longo prazo e que não é de um governo ou outro, é do Estado da Bahia e os governos precisam entender sua importância para fazer com que aconteça. No mundo inteiro os parques tecnológicos estão em fase de maturação após dez, 12 anos de implantado. O objetivo central é ser um locus apropriado de geração de tecnologia e de inovações. As inovações tecnológicas serão aliadas às empresas, não serão geradas para depois implementadas. Ocorrerá a inovação nas empresas que estarão hospedadas no parque. Automaticamente estamos desenvolvendo a ciência e inovando a base produtiva do Estado, por conseqüência, a nossa economia.
AT - Quanto está sendo investido no projeto?
IF - A área do parque, só a parte pública do terreno, que é uma parceria da Prefeitura de Salvador e com o Governo do Estado, é avaliada em R$ 100 milhões. São 150 mil metros quadrados. Nós temos ainda, de recursos para investir, R$ 70 milhões, sendo R$ 45 milhões do governo federal e R$ 25 milhões do governo estadual.
AT - Como as universidades baianas e os pesquisadores irão colaborar?
IF - O parque se compõe de três atores: governo, empresários e comunidade científica. Sem uma dessas partes, ele não irá funcionar. Então já temos acordo firmado com as sete universidades públicas da Bahia (as quatro estaduais e as três federais), mais a Unifacs, totalizando oito universidades comprometidas, mais o conjunto de empresas, porque é fundamental a participação desse setor. Já a universidade é o celeiro do pesquisador, é lá que está o conhecimento.
AT - A carreira de pesquisador no Estado se tornará mais atrativa?
IF - Não tenha dúvida. A nossa expectativa é que, a curto prazo, em três anos, o parque possa atrair entre 30 e 40 novos doutores. Esse é um diferencial importante para a Bahia. As empresas que vão estar no projeto têm seus laboratórios de pesquisa e os doutores irão se engajar nesses locais. O link entre a comunidade científica e o mundo empresarial está bastante atrasado no Brasil. Nos Estados Unidos, 80% dos pesquisadores estão efetivamente engajados em laboratórios de empresas. No Brasil somos pouco mais de 20%, então o Parque Tecnológico da Bahia será importante para que essa relação aumente. Isso tem a ver também com o número de doutores que nós temos, na Bahia há um doutor para cada 2.100 habitantes. Nos EUA essa relação é de um para 300.
AT - Como está a pesquisa na Bahia, comparado ao resto do País?
IF - É claro que nós estamos em desvantagem em relação aos Estados do Sul e do Sudeste. Aqui no Nordeste, quem mais produz artigos científicos é Pernambuco, a Bahia está em segundo lugar. Há todo um histórico por trás disso, Pernambuco investe mais em tecnologia. No País todo, o grande destaque é São Paulo, depois vem o Paraná e o Rio Grande do Sul. No Nordeste, depois de Pernambuco e Bahia, o Ceará também produz muitos artigos científicos.
AT - É importante existir essa aplicação prática nas pesquisas?
IF - Tem que ser assim, o nosso foco é a pesquisa aplicada. Nada contra a pesquisa clássica, mas o nosso objetivo é outro, é a pesquisa aplicada em três grandes áreas estratégicas para o Estado. A primeira é a área de energia e ambiente, que está crescendo muito. Para se ter uma idéia, nós temos hoje 51 cursos de graduação na Bahia nesse setor. Inclui petróleo, gás, biocombustíveis, energia solar, energia eólica, energia nuclear. A segunda área, na qual o Estado também cresce bastante, é a da tecnologia da informação e da comunicação. Toda essa parte de informática, TI, conteúdo midiático, TV digital, nós temos 49 cursos nessas áreas na Bahia. O terceiro setor estratégico é o de biotecnologia. Aí entra farmácia, medicina, agropecuária, veterinária. Nessa área de fármacos o Brasil todo é muito dependente. Nós, por exemplo, importamos da China silicone para uso médico, o que não faz o menor sentido. Temos a nossa caatinga, a nossa mata atlântica, tudo inexplorado do ponto de vista da biotecnologia, e esses recursos são fundamentais para a economia.
AT - Qual a importância da pesquisa, de um modo geral, para o desenvolvimento da sociedade?
IF - Já está mais que comprovado que, sem o conhecimento, nós não vamos a lugar nenhum. Só superaremos as dificuldades na economia, educação, segurança pública com conhecimento, essa é a palavra-chave. Entendendo isso, a pesquisa é fundamental, porque é a fonte principal da produção do conhecimento, somente ela trará soluções para problemas que o Estado enfrenta.