domingo, dezembro 23, 2007

[Mercado] Potencial de crescimento da area de TI no Brasil e' tres vezes maior do que a media mundial

Peguei em um email da lista COMBASE. Interessante!
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JC e-mail 3415, de 20 de Dezembro de 2007.

Oportunidades desperdiçadas

Potencial de crescimento da área de TI no Brasil é três vezes maior do
que a média mundial, diz presidente da Sociedade Brasileira de
Computação. Mas cada vez menos jovens se interessam pelo setor, que
precisará de 3 milhões de profissionais a médio prazo

Fábio de Castro escreve para a "Agência Fapesp":

De acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), a estimativa
de crescimento da área de tecnologia da informação (TI) no país é de
10% ao ano na próxima década, contra 3% no resto do mundo. Apesar de
todo o potencial de expansão, cada vez menos jovens se interessam pelo
setor, que já carece de profissionais qualificados.

A constatação foi feita por José Carlos Maldonado, presidente da
Sociedade Brasileira de Computação (SBC), na terça-feira (18/12),
durante o seminário Pensa TICs 2007 – Rumo à estratégia nacional em
TICs, promovido em São Paulo pela Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial (ABDI).

De acordo com Maldonado, que é professor do Departamento de Ciências
da Computação e Estatística da Universidade de São Paulo (USP) em São
Carlos, a formação de recursos humanos está entre as principais
preocupações da SBC. O MCT estima que o setor, a médio prazo, terá um
déficit de 3 milhões de profissionais.

"Defendemos que a computação seja vista como uma ciência básica e que
o contato com ela comece na infância, como ocorre com a física ou com
a biologia", disse Maldonado à Agência Fapesp.

Apesar do esvaziamento nos cursos de graduação, o Brasil tem hoje 51
programas e 66 cursos de pós-graduação na área de ciência da
computação, segundo dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação. De acordo com
Maldonado, a cifra indica um crescimento de 200% nos últimos dez anos.

"O problema é que o decréscimo na demanda pelos cursos de graduação se
reflete também na pós. Alguns cursos de mestrado estão prestes a
fechar as portas por falta de demanda", disse o professor, que também
é um dos coordenadores da área de computação na Fapesp.

Embora a pós-graduação tenha crescido expressivamente, o Brasil forma
apenas cerca de cem doutores por ano na área de TI. "Não me parece um
número razoável. O quadro piora quando constatamos que esses poucos
doutores se concentram fortemente em poucos estados. O resultado é
que, na graduação, há poucos professores com doutorado, o que resulta
em cursos de pouca qualidade", afirmou.

A SBC identificou a necessidade de uma ação política e educacional
ampla, capaz de restituir o interesse no setor. Segundo Maldonado, a
área de TI tem potencial social imenso e papel fundamental na
economia, inclusive por renovar outros setores tradicionais.

"Nosso papel é mostrar aos jovens que a área tem diversas
oportunidades – ninguém está sem emprego em TI – e que, além disso,
ela tem uma profunda relevância social", disse.

O setor é considerado estratégico dentro do plano de ação do
Ministério da Ciência e Tecnologia para o período 2007-2010, conhecido
como PAC da C&T. "A formação de recursos humanos é uma das
prioridades. Precisamos estudar agora que medidas efetivas podem ser
tomadas", afirmou Maldonado.

Estratégias internacionais

Para Claudio de Almeida Loural, gerente de planejamento e inovação do
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), as
políticas públicas em TI deveriam ser formuladas com base nos
objetivos estratégicos de cada país. "É impossível fazer uma simples
transposição da experiência internacional para o caso brasileiro",
apontou.

Loural apresentou, durante o seminário, uma comparação entre as
diferentes estratégias nacionais praticadas no Japão, na Coréia do Sul
e no Chile, a fim de avaliar a possibilidade de identificar
comportamentos gerais que possam inspirar uma estratégia nacional
brasileira.

"O Japão e a Coréia do Sul são paradigmas de políticas de TI
bem-sucedidas. Ambos têm sistemas de inovação sofisticados e
articulação instituicional muito sólida, além de histórico de
interação entre governo, setor privado e sociedade. Mesmo assim, os
objetivos são muito distintos", disse.

Segundo ele, a Coréia do Sul optou por um objetivo precisamente
quantificado em suas estratégias: desenvolver, por meio do setor de
TI, caminhos para elevar o patamar do PIB per capita para US$ 20 mil.
"Para isso, a estratégia foi focada na inovação em uma série definida
de serviços e produtos, impulsionando exportações e desenvolvimento
tecnológico", disse.

Enquanto isso, a estratégia do Japão foi traçada com foco na
disseminação do uso dos produtos e serviços de TI, de forma a
intensificar seu uso e renovar setores tradicionais da economia, como
a construção civil, por exemplo.

"Os japoneses optaram por disseminar uma infra-estrutura de banda
larga, diminuindo a exclusão digital. E intensificaram o uso das
tecnologias de informação com foco na solução de problemas sociais,
com uma meta de fazer com que 80% das pessoas considerem as TI
importantes no cotidiano", disse.

Já no Chile, as estratégias, que estão em processo de desenvolvimento,
foram voltadas especialmente para aumentar a competitividade das
empresas pelo uso de TI, tornando o país atraente para offshoring
(deslocamento de processos de negócios de um país a outro).

Além disso, houve ênfase no desenvolvimento de tecnologias de
governança digital. "A experiência traumática do Chile com a ditadura
criou essa demanda de transparência proporcionada pelo e-gov", disse
Loural.

Segundo ele, cada país traçou suas políticas públicas de TI com base
em seus objetivos estratégicos econômicos e sociais, levando em conta
seus desafios já superados em termos institucionais e tecnológicos.
"Nossa questão agora é saber qual o objetivo nacional a ser vencido a
partir de uma estratégia de TI no Brasil", concluiu.
(Agência Fapesp, 20/12)