[Acadêmico] De volta à sala de aula
A busca por qualificação técnica, melhoria salarial, dignidade e satisfação pessoal tem modificado o perfil dos alunos de cursos superiores. Entre os jovens e recém-formados no ensino médio estão pais de famílias e avós, sempre atentos às palavras dos professores.
A expansão na oferta de vagas nas universidades e cursos tecnológicos facilita o ingresso no ensino superior. É necessário, entretanto, um grande esforço para obter o diploma. Lucélio Antônio Nonato, de 46 anos, estudante do 5º ano de engenharia civil nas Faculdades Kennedy, afirma que o primeiro dia de aula foi terrível. "Tive vontade de desistir. Estava há 20 anos parado com os estudos."
O apoio para persistir veio de outros três alunos na mesma situação. Junto com Lucélio, Sebastião Mariano Gonçalves, de 49, Patrícia Garcia Oliveira, de 27, e João Bosco Bezerra de Araújo, de 46, montaram um grupo de estudos aos sábados. "Os encontros serviram como incentivo", comenta Lucélio. Quase ao final do curso de engenharia civil, o estudante acredita que o esforço valeu a pena.
Cerca de 70% dos alunos de engenharia civil e direito das Faculdades Kennedy têm mais de 25 anos. Já nos cursos superiores de administração e de pedagogia da educação a distância da Kennedy, a maioria dos alunos tem entre 27 e 60 anos. "As pessoas têm buscado titulação, qualificação e aprendizado para melhor gerir seus negócios", destaca David Loures, coordenador dos cursos a distância da instituição.
Estudar bem mais tarde também foi a opção de Nádia Antunes, de 54 anos. Ao ficar viúva, sem herança, sem profissão e com três filhos para criar, Nádia percebeu que era hora de voltar à sala de aula. "Refleti sobre o que fazia de melhor. Sem dúvida, era cozinhar", lembra. Na época, fez um curso profissionalizante de cozinheira no Senac Minas e ganhou um estágio na Alemanha, com tudo financiado, por oito meses.
Vestibular
Há dois anos, Nádia decidiu se aperfeiçoar e fez vestibular para o curso superior de tecnologia em gastronomia da Faculdade Estácio de Sá, em Belo Horizonte, com duração de dois anos. "Se a gente não busca aperfeiçoamento, outras pessoas podem tomar nosso lugar", destaca. Formou-se há dois meses. "Minha neta foi à formatura", orgulha-se.
Nádia diz que mais da metade de sua turma de gastronomia, com 40 alunos, tinha mais de 30 anos. "Os jovens buscam o curso com objetivo profissional; os aposentados querem satisfação pessoal. O ambiente de faculdade renova nosso espírito."
Segundo o coordenador do curso superior de tecnologia em gastronomia da Estácio de Sá, Hans Eberhard Aichinger, a mistura de idades é interessante e enriquecedora. "No início do curso existem conflitos entre os objetivos dos alunos. A convivência supera essas divergências, sobretudo quando há troca de experiências nas aulas práticas de cozinha", diz.
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