quinta-feira, agosto 05, 2010

[Reflexão] A primeira interface gráfica com mouse a gente nunca esquece


Prezados amigos,

Conforme prometido no post anterior, aqui estou novamente para escrever sobre a primeira vez que tive contato com o computador Amiga, um marco na área de gráficos e sons.

Pois bem, tudo começa com uma das visitas que eu fazia à Mesbla na Avenida Sete. Eu tinha na época cerca de 15 ou 16 anos e, sempre que podia, ia dar uma volta por aquelas bandas para apreciar a seção de eletrônicos daquela loja de departamentos. Como eu comentei no post anterior, software era um artigo que só víamos nas lojas, embalados em fitas cassete e com uma embalagem que chamava mais a atenção do que o programa que aparecia na tela do televisor (sim, televisor! os computadores eram ligados na televisão).

Em uma destas visitas acabei conhecendo um amigo meu que não vejo há tempos, se ele estiver lendo este post, peço que mande um alô para mim. O nome dele é Sandro e acabei fazendo amizade com ele depois de um bate-papo que tivemos sobre os novos jogos lançados para o MSX. Lembro que Sandro tornou-se uma fonte espetacular de programas para o MSX, já que na casa dele, tanto ele como o irmão eram aficionados por esta linha de computador. 

Como o Sandro morava nos Barris, havia também um senhor que morava perto da casa dele e era proprietário de um computador AMIGA. Eu tinha visto este equipamento apenas em revistas e o Sandro prometeu-me agendar uma visita para conhecer, ao vivo e a cores, o que era até então ficção científica.

Lembro como hoje da visita à casa deste senhor. Nos encontramos nos Barris e seguimos até o endereço agendado. Quando cheguei lá, lembro que era uma casa simples, em uma rua bastante tranqüila e o dia estava claro e limpo,  tal como um dia de verão (isto é para criar suspense). O senhor me convidou a entrar e, pelo primeiro contato, constatei que ele era um entusiasta como eu na área de tecnologia. Para falar a verdade, o simples fato de mostrar a máquina que ele tinha em casa já era motivo de bastante orgulho.

Bem, eu adentrei a casa e caminhei até o quarto onde ele mantinha um pequeno estúdio de música. 

Caros amigos, o que vi era realmente impressionante. 

A começar pelo monitor de vídeo. Eu nunca tinha visto um monitor profissional de vídeo. Para quem só tinha um televisor de 14" ligado ao MSX, o monitor de vídeo era de uma beleza espetacular. O colorido, a definição, o contraste com o preto da tela, pareciam saído de um filme de guerra nas estrelas ou jornada nas estrelas. Simplesmente, fantástico.

Mas, as surpresas não pararam por aí. A coisa tinha também mouse.... e olha que achava as setas direcionais de meu computador hotbit o máximo....

O nosso anfitrião colocou também alguns jogos que deram um nó em minha cabeça. Eu nunca havia imaginado o quanto um computador era capaz de fazer. Para terminar, o computador era ligado a um teclado Yamaha via interface MIDI e escutei algumas músicas que pareciam uma verdadeira orquestra tocando ao vivo.

A emoção foi tanta que eu, tabaréu que era, pedi para ele gravar algumas músicas em uma fita cassete com o intuito de mostrar aos amigos (ô atraso...). Afinal de contas, como eu falei, a coisa era uma obra de ficção para nós que vivíamos em uma reserva de mercado.

Um destes amigos que mostrei a gravação foi o Luiz Porciúncula, amigo irmão, meu padrinho de casamento, cuja impressão eu deixo ao final deste post com o uso de suas próprias palavras em um comentário feito no post anterior.

A lição que aprendi depois com o AMIGA é que se havia algum futuro a esperar na computação, o caminho era aquele mostrado por aquele equipamento: Interface gráfica, mouse, som, facilidade de uso, enfim... tudo que uma interface caracter não facilita para os pobres mortais.

Anos mais tarde, também conheci um Macintosh em uma oportunidade de manutenção na Plantel Informática, onde eu trabalhava consertando as incríveis impressoras nacionais matriciais Rima e Elebra [Emília, Diana e outras garotas barulhentas] (e olha que este computador já tinha sido lançado nos Estados Unidos há 4 anos antes) e mais tarde em 1995 dei de cara com o Windows 95 na UFBA. Nesta mesma época, conheci o Mosaic em um terminal Unix (o único) que havia no Instituto de Matemática e acredito que fui dos primeiros na Bahia a ter visualizado uma página web sendo baixada no incrível link de 9600 bits/s que tínhamos no departamento, porém isto é outra história.

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Depoimento de Luis:

Bons tempos mesmo!!!. Chamávamos de Tempos Modernos. Era como se nós na década de 80 vivêssemos a música Cérebro Eletrônico de Gilberto Gil (composta em 1968). Fazíamos de tudo com nossos "micros" de 8 bits. O protocolo DPC-DPL (disquete pra cá, disquete pra lá) ainda não existia, era tudo na base da fita K7 (os dinossauros da TI sabem do que estou falando). Uma das coisas mais bacanas era compartilhar todas as novidades que encontrávamos... assim nasceu o shareware (isso era bem antes do VTX da TeleBahia e das BBS). Quando alguém trazia algo de fora do Brasil, era um grande motivo de reunir a turma dos TKs, MSXs, Apples e correr pra ver. Certa vez fui com os irmãos Gri[n|m] na residência de um conhecido deles que trouxera dos Canadá ou EUA um Amiga 500... foi um espetáculo de demonstração: um equipamento de 8 bits com processador de som da Yamaha, o TG500, que equipava os teclados TG500, que possuia um tone-bank de 1000 instrumentos... um verdadeiro computador multimídia. Bom... as revistas e os fascículos de INPUT eram uma verdadeira fonte de conhecimento, mas não eram nada barato adquirir algumas delas. Gostei muito do post... é bom recordar dos nossos primórdios, pois foi o momento onde solidificamos os conhecimentos que hoje temos sobre este mundo dinâmico da TI. Vida longa e próspera... HUMANO!!!